Morena Jambo


O que me cala hoje a boca é teu silencio
É teu jeito de ler o que eu penso
Teu cabelo que desalinha o tempo
Tua mão frágil que muito lembro
Sussurrava em gestos para minha visão
Turva escurecida, perdida caída

É incrível como as linhas passam a te desenhar
Tudo isso acontecer no meu pensar
Mesclo cores e formas que sempre acabam em você
A fruta que mais gosto é cor que lhe cabe a meu ver
Paralelo é o tempo que fico cogitando expectativas
Pensando em nada do que não é meu e nem seu

Eu me lembro daquela Flor de Jambo cair
Deixando a terra mais Morena, tão pequena
Um sorriso me veio como o vento
Por trás de surpresa, que foi levando a tristeza
E a felicidade invade
E a silêncio se evade

28 de jan. de 2010 às 20:53:00 , 0 Comments

Os Pés do Moço


Parei a três passos depois que lembrei de você
Olhei o chão vi as sandálias gastas e meus pés sujos de poeira
Do jeito que sempre foi e sempre será por toda vida
Cheios de calos, marcas e cheios de saudades
Sinto ele doer, pedindo uma pausa
Minhas unhas as quais pouco existem nos pés
Parecem pedras, mas não quaisquer pedras
São pérolas, tão preciosas quanto as do mar
Porém, as minhas tem muita historia a dizer
E meus pés, pobres coitados, ressecados tão maltratados
Vermelhos não de vergonha pelo que já fez
Mas vermelhos de barro seco
De tanto trilhar caminhos, de se sujar e de se marcar
Ele quer voltar, e eu também
E sendo assim com essa cabeça que carrego
Jogada ela fica olhando fixo para meus pés
A mente quer e o corpo tem que obedece
Após esses três passos eu digo
Que agora parei e foi pensando em você
E faço desses três, os últimos passos que nos distancia
Cansei de sujar meus pés, não de barro, mas de saudades

Felipe Façanha

25 de jan. de 2010 às 20:57:00 , 0 Comments